05/03/2012 - 11h01
Dilma volta a criticar injeção de dinheiro dos países ricos na economia
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MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A HANNOVER
ENVIADO ESPECIAL A HANNOVER
A presidente Dilma Rousseff voltou a criticar nesta segunda-feira (5) as políticas expansionistas adotadas por países desenvolvidos para aquecer suas respectivas economias, sobre as quais deverá discutir hoje com a premiê da Alemanha, Angela Merkel.
Para a presidente, que chegou neste domingo a Hannover, na Alemanha, a injeção de capital desses países no mercado financeiro, estimada em US$ 8,8 trilhões (R$ 23,7 trilhões), equivale a uma "barreira tarifária", por produzir desvalorização artificial das moedas.
Para conter queda do dólar, governo eleva taxa para empréstimos no exterior
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Dilma diz que vai impedir 'canibalização dos mercados emergentes'
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Dilma disse que o governo estuda novas medidas para proteger a economia brasileira da guerra cambial, depois do aumento recente do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
Mas negou que seja favorável a uma "quarentena", medida em discussão no governo que imporia um tempo mínimo de permanência do capital estrangeiro no país, sujeito a sobretaxas.
"Não estou defendendo quarentena, isso é uma temeridade. Tem dó", irritou-se a presidente ao ser questionada sobre a medida, considerada uma das mais drásticas para lidar com a valorização do real.
"Somos uma economia soberana. Tomaremos todas as medidas para nos proteger. Vamos ver quais medidas, como essa que tomamos recentemente sobre o IOF", afirmou.
Continuando sua crítica ao protecionismo cambial dos países ricos, Dilma disse que "as políticas monetárias expansionistas desses países produzem um efeito extremamente nocivo, porque desvalorizam de forma artificial as moedas".
Na quinta-feira (1º), o governo decidiu taxar em 6% os empréstimos feitos no exterior que tenham prazo inferior a três anos. O objetivo da medida é desestimular a entrada de capital de curto prazo no país e com isso segurar a valorização do real.
A desvalorização do dólar, segundo o governo, é ruim para economia brasileira pois diminuiu a competitividade das empresas brasileiras fazendo com que as exportações fiquem mais caras e os produtos importados que entram no país fiquem mais baratos gerando uma "competição desleal".
Roberto Stuckert Filho/PR | ||
Dilma Rousseff durante viagem oficial à Alemanha |
ASSESSOR DESAUTORIZADO
Dilma desautorizou o assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia, que na véspera havia indicado que o Banco Central irá anunciar nova queda da taxa básica de juros esta semana na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária)
"No meu governo, é o BC, Alexandre Tombini, nem eu nem ninguém tem autorização para falar sobre juros", disse a presidente em Hannover, na Alemanha.
Na chegada a Hannover, no domingo à noite, Marco Aurélio Garcia havia dito que haverá "uma queda moderada" nos juros.
"Esse caminho já está definido, e com sucesso, porque não estamos tendo inflação", disse Garcia.
Depois de participar da cerimônia de abertura da Feira Internacional de Tecnologia de Informação, Telecomunicações, Software e Serviços (Cebit), a presidente Dilma jantará com a chanceler Merkel, com quem pretende abordar a crise cambial e a crise na Europa.
Na última semana, a Dilma criticou as políticas expansionistas dos países desenvolvidos e chamou a injeção de capital na zona do euro de "tsunami monetário".
Na quarta-feira, o BCE (Banco Central Europeu) injetou 530 bilhões de euros (R$ 1,2 trilhão) no sistema financeiro da zona do euro, numa tentativa de estimular a economia da região.
Durante a conversa que teve com jornalistas brasileiros no Hotel Luisenhof, onde está hospedada, Dilma sofreu um pequeno incidente: uma barra de ferro caiu no seu pé, e ela fez uma expressão de dor. "Vou mancar até amanhã", disse Dilma.
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