O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, confirmou à Folha que vai pedir a abertura de inquérito para investigar o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) por possíveis ligações criminosas com o empresário do ramo de jogos, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
Demóstenes foi citado nas investigações que resultaram na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que desmantelou um esquema de exploração de jogos caça-níqueis.
Na tarde desta terça-feira, Gurgel recebeu deputados e o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). Segundo os parlamentares, o procurador afirmou que pedirá a abertura nas "próximas horas".
Demóstenes admite que recebeu de Cachoeira um telefone especial para conversas entre os dois. A investigação policial gravou cerca de 300 diálogos entre o senador e o empresário de jogos por pelo menos oito meses.
O democrata também ganhou de Cachoeira um fogão e uma geladeira, presentes que segundo Demóstenes foram oferecidos por um "amigo" quando se casou no ano passado.
COMISSÃO DE ÉTICA
Além da investigação do Ministério Público Federal, o PSOL também anunciou hoje que vai pedir a abertura de um processo no Conselho de Ética do Senado contra Demóstenes por quebra de decoro parlamentar.
Segundo o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), a decisão do procurador-geral da República de pedir a abertura de inquérito contra o democrata, é "inevitável" a investigação pelo conselho. O processo pode resultar na cassação do senador do DEM.
AFASTAMENTO
Demóstenes pediu nesta terça-feira para deixar a liderança do DEM no Senado. Em meio às denúncias de ligação com o empresário, ele enviou carta para o presidente do partido, senador José Agripino (DEM-RN), formalizando o pedido para se afastar da liderança.
"A fim de que eu possa acompanhar a evolução dos fatos noticiados nos últimos dias, comunico a Vossa Excelência o meu afastamento da liderança do Democratas no Senado Federal", afirmou em carta de três linhas endereçada a Agripino.
O presidente do DEM afirmou que a bancada do partido no Senado vai se reunir para escolher o novo líder na Casa. "Quem vai assumir é quem a bancada decidir", disse Agripino.
Abatido, Demóstenes passou a manhã em seu gabinete no Senado, mas não circulou pelos corredores da Casa. O democrata procurou líderes partidários para pedir apoio político. Disse que espera o julgamento criminal pela Procuradoria Geral da República, mas espera ser poupado de um processo no Conselho de Ética do Senado --que poderia lhe acarretar a perda de mandato.
Nenhum comentário:
Postar um comentário