Companheiro de Ricardo Teixeira no voo em um jato particular para Miami, Wagner Abrahão, dono da Pallas Turismo Esportivo, recebeu R$ 446 mil do governo do Distrito Federal pelo amistoso entre Brasil e Portugal em novembro de 2008. O repasse consta de uma planilha de despesas da Ailanto Marketing Ltda., obtida pelo Estado. A empresa era responsável pela partida, que custou R$ 9 milhões aos cofres públicos, e está sendo investigada por suspeita de superfaturamento. O material foi encaminhado ao Ministério Público Federal (MPF).
A planilha liga ainda mais a Ailanto ao presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A Pallas é uma antiga prestadora de serviços para a CBF e o Grupo Águia, da qual faz parte, foi escolhido para comercializar pacotes de viagens e ingressos VIP da Copa 2014.
Além das relações comerciais e afetivas, Teixeira e Abrahão já foram acusados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro de crime contra a ordem econômica e as relações de consumo. Abrahão teria sido o único a obter autorização da CBF para a venda de ingressos para a Copa da Alemanha.
Segundo os documentos, três transferências eletrônicas foram feitas pela Ailanto à Pallas: R$ 203,9 mil, R$ 105,3 mil e R$ 138,1 mil. Os gastos, no entanto, não foram justificados. A planilha teria como objetivo comprovar os gastos do jogo no processo no Tribunal de Contas do Distrito Federal. Por e-mail, o servidor da Secretaria de Controle e Transparência, Pedro Anholete, fez alterações na planilha, marcou as despesas da Pallas em vermelho e ainda pediu detalhes.
Para os investigadores, Pedro prestou uma espécie de “consultoria” à Ailanto, ao mesmo tempo em que era responsável pela tomada de contas especial (TCE) no contrato do amistoso. Ele nega qualquer irregularidade na troca de correspondências e diz que estava apenas dando “celeridade” as apurações.
Em outro e-mail, Alexandre Cezimbra, da Ailanto, encaminha para a advogada Gláucia Tavares cópia de um cheque referente à despesa de Vanessa Precht, sócia da Ailanto, no valor de R$ 1.072, destinado à Pallas, além de planilha de controle interno da empresa. O anexo também revela outros pagamentos para Abrahão.
Outro e-mail mostra a preocupação da advogada com a dificuldade em comprovar os gastos com a Pallas. Segundo ela, era preciso detalhar gastos com alimentação feitos pela empresa. Vanessa recorre, por e-mail, ao funcionário da Pallas, Paulo Roque. Ele responde que “está tentando levantar documentação” do processo para fazer o melhor para ela. Termina o e-mail questionando se há prazo.
Duplicidade. As correspondências eletrônicas mostram outra suspeita de fraude. A Pallas poderia ter recebido duas vezes pelo mesmo serviço. É que a Federação Brasiliense de Futebol apresentou notas da Pallas sobre gastos com transporte, hospedagem e aluguel de carros. O valor da nota, assinado por Paulo Roque, é de R$ 293.485.
Fundada em 1998, a Pallas está registrada em nome de Wagner José Abrahão e a Thathithas Empreendimentos e Participações Ltda. Essa última tem como sócia majoritária, Vânia de Souza Rebechi Abrahão, e o próprio Wagner. Em nota, a empresa informou que não responderia aos questionamentos da reportagem “por se tratar de uma empresa privada cujos serviços são regidos por regras de confidencialidade entre as partes.” Já a Federação Brasilense negou qualquer pagamento em duplicidade.
(Estadão)
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