sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Ficha Limpa deve mudar conduta em mandato eleitoral

Para parlamentares, nova lei vai obrigar o político a evitar erros para não interromper carreira

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BRASÍLIA - Entusiasmados com a validação da Lei da Ficha Limpa pelo Supremo Tribunal Federal (STF), parlamentares e representantes da sociedade que atuaram na elaboração do texto preveem grande impacto sobre as eleições municipais de outubro. Também observam efeitos sobre a conduta de políticos no exercício do mandato, tutelados pelo risco de ver suas carreiras interrompidas precocemente, e sobre os partidos, com a tarefa de escrutinar a vida pregressa de quem pretende se eleger.
Diretora do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), Jovita Rosa afirma que tenta emplacar a Ficha Limpa desde 2007, e reputa a decisão como uma vitória histórica.
- A decisão nos dá certeza que a sociedade mobilizada pode mudar a realidade. Faremos, agora, uma grande mobilização para que a população denuncie a compra e a venda de votos, e para que as pessoas divulguem o histórico de seus candidatos nas eleições de outubro - garantiu.
O projeto, rabiscado nas ruas e aprovado no Congresso, foi subscrito inicialmente por 33 parlamentares. Fernando Ferro (PT-PE) estava na lista e pondera que, agora, o momento serve para repetir a mobilização, em nome da reforma política. Ele admite que a Ficha Limpa poderá selar o fim da trajetória de correligionários, réus no mensalão.
- As pessoas vão apresentar sua defesa. Se não convencerem, paciência. Está errado e vão ter que ficar de fora. O importante é impedir ou sustar a corrupção .
Na mesma linha seguiram os deputados Luiza Erundina (PSB-SP) e Carlos Sampaio (PSDB-SP), que também subscreveram a proposta. O cientista político da Universidade de Brasília (UnB), Leonardo Barreto, e o presidente da OAB-RJ, Wadih Damous, advertiram que a Lei aumenta muito a responsabilidade dos tribunais de Justiça, que terão o condão para arruinar carreiras ou avalizar corruptos, caso sirvam à disputa política local.
- A Lei não pode servir de perseguição a adversários políticos. Queremos de fato moralizar a política brasileira, mas não à custa de perseguição a adversários - lembrou Damous.
Em outra frente, a Associação dos Magistrados do Rio (Amaerj), a Controladoria Geral da União (CGU), e a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) comemoram a limpeza e a mudança nos costumes previstas na vida pública brasileira.
- Está na hora de o velho dar lugar ao novo, de os líderes corruptos deixarem o poder, e de a sociedade consagrar aqueles que possam escrever uma história diferente, baseada em princípios éticos e assumindo, de fato, a responsabilidade inerente aos cargos públicos - destacou o presidente da ANPR, Alexandre Camanho.
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