Rio/Fortaleza
A Petrobras prometeu e, sete meses depois, cumpriu. Para recuperar
parte da perda milionária que a estatal vem tendo para manter os valores
dos combustíveis, a empresa anunciou aumento de 6,6% da gasolina e de
5,4% no diesel na refinaria. O reajuste começou a valer a partir de
meia-noite de hoje e deve gerar uma correria aos revendedores que
mantiverem os valores anteriores enquanto durar o estoque antigo.
Sindipostos-CE
disse não ter como antecipar se reajuste será repassado de forma
integral no Estado: "vai depender das distribuidoras" FOTO: NATINHO
RODRIGUES
É no que acredita o assessor Especial de Economia
do Sindicato dos Donos de Postos de Combustíveis do Ceará
(Sindipostos-CE), Antônio José Costa. "Não tem como dizer se já haverá
bombas com o novo preço amanhã (hoje). Vai depender da quantidade em
estoque de cada posto", comentou.
Ele também afirmou que não há
como antecipar se o aumento será repassado integralmente para os
consumidores finais. "A tendência é que o repasse seja integral. Mas vai
depender da Nota Fiscal das distribuidoras. O reajuste que houver lá
será transferido para as bombas", disse.
Projeção de preços
Levando-se
em consideração o mais recente levantamento de preços realizado no
Ceará pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
(ANP), se o aumento do preço do litro de gasolina comum for repassado
integralmente, o reajuste, no Estado, ficará entre R$ 0,17 e R$ 0,19.
O
preço mínimo encontrado até o último sábado, 26 de janeiro, de R$ 2,579
passaria a custar R$ 2,749 nos postos de combustíveis cearenses. Já o
valor máximo coletado pelo estudo da ANP em igual período de R$ 3,030
saltaria para R$ 3,220.
Na simulação da reportagem, considerando o
repasse integral de 5,4%, o óleo diesel aumentaria de R$ 0,11 a R$
0,12, no Ceará. O valor mínimo de R$ 2,080 cobrado por litro seria
reposto para R$ 2,190; enquanto o preço máximo de R$ 2,29 pularia para
R$ 2,41.
Contudo, consultorias espalhadas pelo País sinalizam que
o reajuste pode não chegar integralmente nas bombas. O principal
argumento seria a mistura de ambos os combustíveis com outros produtos
que não registrariam majoração.
Estatal justifica
Conforme
a Petrobras, "esse reajuste foi definido levando em consideração a
política de preços da companhia, que busca alinhar o preço dos derivados
aos valores praticados no mercado internacional em uma perspectiva de
médio e longo prazo", comunicou, em nota. A companhia avisou ao governo
no ano passado, quando da elaboração do Plano de Negócios vigente, que
precisaria reajustar a gasolina e o diesel em 15%, de forma a conseguir
financiar os investimentos de US$ 236,5 bilhões previstos para o período
2012-2016.
Em 25 de junho, a gasolina foi reajustada nas
refinarias em 7,83%. Agora, faltaria cerca de 7% para que a pretensão da
estatal fosse atendida. O diesel recebeu dois reajustes desde então. Um
de 3,94%, em 25 de junho e outro de 6%, em 16 de julho
Apesar de
o porcentual de reajuste da gasolina ser pouco abaixo do previsto no
Plano de Negócios, a alta no diesel poderá compensar o resultado. O
diesel é o combustível com maior impacto no balanço da companhia.
Os
preços da gasolina e do diesel sobre os quais incide o reajuste
anunciado não incluem os tributos federais Contribuição de Intervenção
do Domínio Econômico (Cide) e PIS/Cofins e o tributo estadual Imposto
sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), segundo comunicado da
Petrobras.
Inflação
A primeira ata do
Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) do ano já
demonstrava preocupação com a aproximação da alta nos preços dos
combustíveis. O impacto deverá atingir preços de outras mercadorias e
ampliar a preocupação do governo em controlar a inflação em 2013.
Reajuste garante plano de negócios
Graça Foster pedia o reajuste ao governo federal para o mês de janeiro. E conseguiu FOTO: DIVULGAÇÃO
Rio
O reajuste da gasolina e diesel anunciado, ontem, não acaba com a
defasagem de preços dos combustíveis vendidos pelas refinarias da
Petrobras em relação ao mercado internacional, mas garante a
continuidade de projetos e investimentos.
Além de aliviar o caixa
da companhia, que registra prejuízo de cerca de US$ 1 bilhão ao mês com
a diferença entre os preços de importação de diesel e gasolina e os
praticados no mercado doméstico.
Defasagem
Na
avaliação de Ricardo Corrêa, analista da corretora Ativa, o valor do
reajuste nos combustíveis era o esperado, confirmando a "expectativa
negativa" do mercado em relação à recomposição das receitas da
Petrobras. "O reajuste, naturalmente, alonga a capacidade de geração de
caixa da empresa, mas a defasagem (dos preços nacionais com as cotações
internacionais) não foi totalmente resolvida", observou o especialista.
O
diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires,
afirmou considerar o reajuste insuficiente, mas que alivia a empresa.
Sobretudo, acrescentou, o reajuste demonstra que a presidente da
Petrobras conseguiu convencer o governo da necessidade de aumento, mesmo
com a inflação em alta.
Pires avalia que o reajuste terá um
impacto de 0,13 ponto no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e
de cerca de 4% na bomba. O economista Edmar de Almeida, da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), comemorou o aumento. "Para a
Petrobras, (o aumento) é fundamental. Vejo com muitos bons olhos, pela
importância que isso tem para manter a capacidade de investimento da
empresa", declarou.
A projeção da LCA consultoria para o IPCA de
janeiro, antes em 0,91%, passou para 0,83%. No ano, o principal índice
de inflação do País deverá subir em 0,3 ponto porcentual por causa dos
combustíveis.
"Ainda assim, a redução no custo da energia elétrica é preponderante", disse.
Consultorias veem repasse até 5,3%
São Paulo
O economista e sócio da Tendências Consultoria, Juan Jensen, calcula
que, nos postos, a gasolina deverá subir 4,2%. Já Fábio Romão,
economista da LCA Consultores, estima que o encarecimento será maior. O
especialista projeta que, no varejo, o reajuste levará a uma alta de
5,3% na gasolina e de 4% no caso do diesel.
Como o peso da
gasolina dentro do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é de
3,89%, isso deve provocar um impacto total na inflação de 0,16 ponto
porcentual, dividido em 0,01 ponto em janeiro e 0,15 ponto em fevereiro.
Os
preços da gasolina e do diesel, sobre os quais incide o reajuste
anunciado, não incluem os tributos federais Cide e PIS/Cofins e também o
tributo estadual ICMS.
Segundo nota da Petrobras, esse reajuste
foi definido levando em consideração a política de preços da companhia,
que busca alinhar o preço dos derivados aos valores praticados no
mercado internacional em uma perspectiva de médio e longo prazo.
Quando
o plano de negócios da estatal para o período de 2012 a 2016 foi
fechado, no ano passado, a presidente da Petrobrás, Maria das Graças
Foster, afirmou que o preço da gasolina estava com uma defasagem de 15%.
Parte disso foi recomposta ainda em 2012, com o reajuste de 7,8% dado
às refinarias.
Cide
Esse reajuste não
chegou ao consumidor: o governo zerou o principal tributo cobrado do
setor, a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide). Agora
sem a Cide, a elevação vai chegar aos postos.
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