terça-feira, 9 de outubro de 2012

Gilberto Carvalho admite impacto do mensalão nas eleições


Contrariando a avaliação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência) disse nesta segunda-feira (8) que o mensalão atrapalhou o PT nas eleições, mas que o partido "conseguiu sobreviver a esse obstáculo".
Carvalho, que foi chefe de gabinete de Lula durante todos os oito anos de governo do ex-presidente (2003-2010), classificou o uso do julgamento do escândalo por adversários como uma "saraivada".
"É muito difícil já termos uma opinião formada sobre isso. Que houve um grau de interferência, é evidente. Cidades do interior de São Paulo mais conservadoras nós tivemos mais dificuldades. É evidente que em São Paulo isso teve o seu peso, mas é muito difícil quantificar", disse o ministro, em conversa com jornalistas no fim da tarde desta segunda, no Palácio do Planalto.
Alan Marques - 15.ago.12/Folhapress
O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência) durante evento no Palácio do Planalto, em Brasília
O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência) durante evento no Palácio do Planalto, em Brasília
Carvalho disse que Lula "minimizou" o impacto do caso nas eleições. Ontem, ao votar, Lula disse que o povo não estava interessado no julgamento, mas se o Palmeiras vai cair para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro.
O ministro, no entanto, disse que a participação de Lula e da presidente Dilma Rousseff na campanha, especialmente no caso de Fernando Haddad, foi fundamental para neutralizar um impacto ainda maior do mensalão na disputa eleitoral.
"[A participação] foi fundamental para contra-arrestar essa influência muito negativa, muito pesada, quase que massacrante, que veio nos últimos dias da campanha, com o uso intensivo nas inserções daquela história do mensalão. É provável que nós tenhamos perdido votos ali, mas que não foram suficientes para tirar, por outro lado, aquilo que nós agregamos com essa forte presença do Lula e da presidente Dilma", afirmou Gilberto Carvalho.
O ministro também manifestou preocupação com o aumento significativo nos votos nulos e brancos em São Paulo, apesar da presença de Haddad, apresentado pelo PT como um candidato-novidade. Segundo ele, parte do aumento do voto nulo é fruto da "criminalização da política".
"Toda vez que você criminaliza a política, e você acha que ganha com isso, normalmente você acaba levando a um processo de desmobilização da consciência política, militante e votante. Toda vez que forças políticas apostaram na criminalização da política, ninguém ganhou isso. Recomenda a democracia que a gente faça todas as denúncias, faça todo o cuidado da ética, mas quando você tenta generalizar isso a um partido, a uma força política, não se ganha com isso, o que se ganha é esse tipo de reação, de protesto ou de afastamento da participação política", disse o ministro.
ALIANÇAS
A respeito da participação da presidente Dilma em palanques de aliados no segundo turno, Gilberto Carvalho disse que ela ainda não decidiu a quais cidades irá, e nem com que frequência. Segundo ele, a presidente manterá a postura do primeiro turno, de "muita cautela", para não melindrar partidos que compõem a base aliada do governo federal.
"Evidente que todo lugar onde o outro lado não tenha base aliada, ela estará mais livre. Mas ela não tomou decisão nenhuma ainda, vai analisar com cuidado", disse Carvalho.
Motivo de preocupação entre petistas, o bom desempenho do PSB e a consequente valorização do capital político do governador de Pernambuco e presidente nacional da legenda, Eduardo Campos, foi celebrado pelo ministro. "Nós temos que nos alegrar com o crescimento do PSB", disse.
Em relação à eleição paulistana, o ministro considerou normal um eventual apoio de Celso Russomanno (PRB) a Haddad, apesar da disputa entre os dois no primeiro turno. O partido é da base governista e tem o controle sobre o Ministério da Pesca, cujo titular é Marcelo Crivella (PRB-RJ).
"O segundo turno é para se avaliar agora quais são as melhores propostas, e as forças políticas se rearticulam. Então, não seria nada estranho que o PRB viesse dar apoio ao Haddad. Se o Haddad tivesse sido ofensivo ao Russomanno, era diferente. Mas ele fez uma crítica objetiva e forte sobre uma proposta que era equivocada", disse.

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