BATE BOCA ENTRE MINISTROS MARCA PRIMEIRO DIA DE JULGAMENTO DO MENSALÃO
A primeira sessão do julgamento da ação penal do mensalão nesta quinta-feira (2) no STF (Supremo Tribunal Federal) começou com uma longa discussão sobre o desmembramento da ação.
Das cinco horas diárias previstas para analisar o caso, ao menos quatro foram usadas para debater a questão neste primeiro dia.
Procurador diz que não vai questionar participação de Toffoli em julgamento
Para jurista, decisão de impedir desmembramento do mensalão foi correta
Debate sobre desmembramento do mensalão adia acusação de Gurgel
Supremo rejeita desmembramento do processo do mensalão
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A proposta de desmembrar a ação foi feita por Márcio Thomaz Bastos, ex-ministro da Justiça e advogado do réu José Roberto Salgado, ex-diretor do Banco Rural.
Thomaz Bastos questionou a legitimidade do Supremo para julgar o caso, já que o processo mistura réus com foro privilegiado - que só podem ser julgados pelo STF - com réus comuns, que têm direito a ser julgado na Justiça comum.
Nelson Jr./Divulgação/SCO/STF | ||
Plenário do Supremo iniciou a primeira sessão destinada ao julgamento do mensalão |
'DELEAL'
Após Joaquim Barbosa dizer ser contra desmembrar o processo, o ministro Ricardo Lewandowski votou a favor de que a ação fosse separada. Barbosa, então, classificou como "desleal" Lewandowski fazer tal defesa no dia do julgamento.
"O senhor é revisor da ação há exatamente dois anos, poderia ter feito esse questionamento há meses", disse Barbosa.
Barbosa afirmou que seu colega de tribunal votou contra o desmembramento em diversas ocasiões anteriores, mas, hoje, no dia que começa o julgamento, questionou a decisão. "Ele coloca em jogo a credibilidade".
Nove dos onze ministros votaram contra a questão de Thomaz Bastos, contra dois a favor -- além de Lewandowski, Marco Aurélio de Mello.
Sergio Lima/Alan Marques/Folhapress | ||
Os ministros do STF Joaquim Barbosa (à esq.) e Ricardo Lewandowski |
IMPEDIMENTO
O ministro Antonio Dias Toffoli, que começou o julgamento sob pressão para que se declarasse impedido, deu sinais de que vai participar da votação.
Ex-advogado do PT e ex-assessor de um dos réus do mensalão, Toffoli votou sobre o desmembramento do processo no STF --foi contra. Ao começar a explicar sua opinião sobre a questão de ordem, deu indicação que se preparou para votar. "No voto que preparei para este caso."
Ao final da sessão, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que tem a prerrogativa de pedir o afastamento do ministro, afirmou que decidiu não questionar a suspeição e o impedimento de Toffoli para não atrasar a análise do caso.
Gurgel disse que a participação de Toffoli era uma "questão pessoal" dele.
POWER POINT
Outro pedido de advogado ameaçou atrasar ainda mais a sessão de hoje. Alberto Zacharias Toron, defensor do deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP), tentou questionou decisão do Supremo que vetou o uso de recursos audiovisuais pela defesa, como Power Point.
O presidente do Supremo, Carlos Ayres Britto, irritou-se com a questão, que já tinha sido rejeitada ontem, e sequer colocou a questão para ser votada.
RELATÓRIO
Quando, enfim, a análise da ação penal começou, o ministro relator, Joaquim Barbosa, foi breve e falou por menos de uma hora. Barbosa leu um resumo do seu relatório, que originalmente tem 122 páginas.
O relator explicou quem são os réus, quais as acusações que pesam sobre eles e o que dizem em suas defesas.
Com o atraso da sessão, a leitura da acusação pelo procurador-geral Roberto Gurgel, ficou para amanhã.
O julgamento, que começou hoje, não tem prazo para acabar.
Julgamento do mensalão
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Márcio Thomaz Bastos, advogado do ex-dirigente do Banco Rural José Roberto Salgado, fala à imprensa durante intervalo do plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento da Ação Penal 470, conhecida como processo do mensalão
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