O campo exploratório da Fazenda Belém, descoberto em 1980, é um dos alvos da estatal para os investimentos
Ainda
considerada pequena e desenvolvendo uma trajetória descendente nos
últimos anos, a produção de petróleo no Ceará pode dar um salto
significativo em um futuro próximo, a partir da exploração de poços em
águas profundas e de mais investimentos em campos exploratórios antigos,
como a Fazenda Belém. De acordo com a assessoria de imprensa da
Petrobras, a estatal já está analisando um "projeto para perfuração de
novos poços terrestres no campo da Fazenda Belém a partir de 2014".
A
estatal também tem aplicado em técnicas para elevar a produtividade dos
poços já existentes, o que já resultou em uma média diária de produção,
até março de 2013, maior que a registrada em igual período de 2012
FOTO: DIVULGAÇÃO
A intenção de ampliar a exploração na área
vem sendo demonstrada pela estatal, com a perspectiva de perfurar cerca
de mil novos poços no local até 2015, o que quase triplicaria a produção
de petróleo em terra da empresa no campo exploratório da Fazenda Belém,
descoberto em 1980.
A área está localizada na parte Norte da
Bacia Potiguar emersa, na plataforma de Aracati. A região tem como
principal reservatório produtor a formação Açu, com o óleo sendo
considerado "pesado", de alta viscosidade.
Outro em águas profundas
Outro
ponto que deve contribuir para elevar a produção de petróleo no Estado
são os recentes investimentos da Petrobras na exploração de poços em
águas profundas em território cearense. De acordo com a assessoria da
estatal, atualmente, há mais um poço em águas profundas em perfuração no
Estado: o Prospecto de Ararauna (1-BRSA-1158-CES), na Bacia Potiguar.
Este é o terceiro poço perfurando pela estatal em águas profundas no
Ceará.
Em fevereiro deste ano, a Petrobras concluiu, após cinco
meses de trabalho, a perfuração do segundo poço em águas ultraprofundas
no Ceará, denominado Canoa Quebrada (1-BRSA-1114-CES), e constatou
"indícios de hidrocarbonetos" (petróleo e gás). Segundo a estatal, a
descoberta já foi informada à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis (ANP). O volume do petróleo descoberto, contudo, ainda
não foi divulgado pela empresa.
Já sobre o primeiro poço em águas
profundas perfurado no Ceará, o Pecém (1-BRSA-1080), onde já havia sido
confirmada a existência de petróleo, a Petrobras diz que o estágio é de
conhecimento de área, "não sendo possível mensurar o volume de
hidrocarbonetos encontrado" e garante que o poço ainda não se encontra
em produção.
A estatal lembra que a descoberta do Pecém motivou o
Plano de Avaliação de Descoberta (PAD), que está pendente de aprovação
na ANP. Segundo a assessoria da Petrobras, somente depois que o plano
for aprovado e for executado seu plano de trabalho, será possível
avaliar os impactos que terá na produção de petróleo do Ceará.
O
Poço Pecém foi listado no balanço do PAC 2 (Programa de Aceleração do
Crescimento) como uma das maiores ocorridas no País entre janeiro de
2011 e dezembro de 2012.
Licença
Em
fevereiro deste ano, a Petrobras obteve do Ibama (Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais) a Licença de Operação para a
exploração dos blocos BM-POT-16 e BM-POT-17, a cerca de 41,5 km da costa
do município de Icapuí, no Ceará. Os blocos estão localizados na Bacia
Potiguar, que inclui os territórios do Ceará e do Rio Grande do Norte.
Ao
todo, devem ser explorados cinco novos poços em território cearense
nesses dois blocos, sendo o primeiro deles o Ararauna. Os demais poços
previstos são denominados como Jandaia, Louro, Tango e Xaxado.
Estratégia
Para
reverter o declínio da produção de petróleo no Ceará, que chegou a
57,4% entre 2001 e 2012, além dos novos investimentos, a Petrobras tem
aplicado em técnicas para elevar a produção dos poços já existentes.
Na
área marítima, a estatal tem adotado o sistema de bombeio centrífugo
submerso para levar o petróleo à superfície e o método de injeção de
água, que auxilia no aumento do volume do óleo extraído do reservatório.
Já na área terrestre, ela utiliza unidades de bombeio (cavalo de pau) e
o método de injeção de vapor aquecido nos poços de petróleo. "Como
resultado, a média diária de produção realizada até março de 2013 está
maior que a média diária realizada em 2012", observa a estatal.
Plano de Negócios e Gestão
Conforme
a Petrobras, no atual Plano de Negócios e Gestão 2013-2017, a companhia
pretende investir US$147,5 bilhões na exploração e produção de
Petróleo. Sendo US$24,3 bilhões na exploração e US$106,9 bilhões na
produção.
A Petrobras destaca ainda que, somente em 2012, foram investidos 21,9 bilhões em produção e exploração de petróleo.
Já
em relação à bacia Potiguar, a companhia informou que os investimentos
se manterão estáveis nos próximos anos e em níveis similares aos
realizados nos últimos anos.
ÂNGELA CAVALCANTE/DHÁFINE MAZZAREPÓRTERES
Novos blocos: exploração no Estado vai demorar até 7 anos
Rio de Janeiro.
A etapa de exploração dos 11 blocos da Bacia do Ceará (todos em águas
profundas) que serão oferecidos hoje em leilão da Agência Nacional de
Petróleo (ANP) durará até sete anos - divididos em duas fases -, os
quais irão anteceder a etapa de produção. Assim, dados detalhados sobre
qualidade e quantidade de petróleo nos blocos licitados hoje só deverão
ser conhecidos entre 2018 e 2020.
Diretor
de Exploração da ANP, Florival Carvalho, diz que o Poço Pecém, onde foi
descoberto petróleo em águas profundas no Ceará, terá resultados mais
concretos sobre o seu potencial entre seis e 15 meses FOTO: THIAGO
GASPAR / DIVULGAÇÃO
Conforme o diretor da área de Exploração
da ANP, Florival Carvalho, a primeira fase da exploração - que, no caso
do Ceará, durará até cinco anos - será caracterizada por uma série de
análises, como os estudos sísmicos na área da bacia, para que se possa
ter uma ideia melhor da possibilidade de existência e qualidade do
petróleo no local.
Após esse período, a empresa responsável pela
exploração no local terá que decidir se irá devolver a concessão para
intervir na bacia ou se continuará na análise. Caso pretenda prosseguir,
entrará na segunda fase do processo, que irá durar dois anos e durante a
qual terá de ser construído um poço - usado ainda para a exploração, e
não produção.
Pecém
A respeito do poço
denominado Pecém, através do qual foi descoberta a existência de
petróleo em águas profundas do Ceará, o diretor afirmou que, como as
constatações se deram em agosto último, os resultados mais concretos
sobre o potencial da área provavelmente serão apresentados pela
Petrobras em um prazo aproximado de nove a 15 meses, já que essa etapa
costuma demorar entre um ano e meio e dois anos. Ele acrescenta que,
após essa etapa, a estatal ainda levará em torno de "dois ou três anos"
para iniciar o processo de instalação de uma plataforma para a produção.
Isso caso esse investimento seja considerado viável. Desse modo, a
produção de petróleo na região, caso ocorra, deve demorar ainda cerca de
cinco anos. Conforme Carvalho, a mão de obra necessária para a etapa de
exploração dos novos blocos será formada por profissionais altamente
qualificados e em pouca quantidade. Embora o número de trabalhadores
necessários à perfuração de um poço de exploração varie conforme as
condições do lugar, informa, é demandada uma equipe de 15 a 20 pessoas
por turno para desempenhar esse trabalho. O impacto mais significativo
que deve ocorrer, quanto à geração de postos de trabalho nesse período,
afirma, é sobre os empregos indiretos, ligados principalmente ao
transporte e à alimentação dos funcionários contratados para executar o
serviço.
Impacto na Premium II
Sobre a
expectativa de que a refinaria Premium II, em São Gonçalo do Amarante,
seja instalada no Estado nos próximos anos, a diretora geral da ANP,
Magda Chambriard, disse acreditar que o fato não deverá pesar na escolha
dos investidores, uma vez que a etapa de exploração - que antecede a de
produção - deverá se estender até depois do início da operação do
empreendimento cearense. "Hoje, temos as nossas refinarias no gargalo,
mas temos outras previstas. Vamos ter a de Pernambuco até 2015, vamos
ter o Comperj no Rio de Janeiro e Premium I (no Maranhão) e II. Não vai
dar tempo, porque a exploração demora de cinco a oito anos. Até lá, as
refinarias já vão estar ´tinindo´".
Mesmo com as novas unidades
de refino, salienta a diretora, a posição geográfica das bacias
ofertadas deverá ser um fator mais importante na escolha dos
investidores. "O interesse das empresas é também de refinar, mas é
(principalmente) de pôr o maior valor possível no seu óleo. O óleo ali é
caro porque está mais perto dos Estados Unidos e da Europa do que a
Bacia de Campos", comenta.
Ela informa que o transporte marítimo
de petróleo feito das bacias na margem equatorial aos mercados
norte-americano e Europeu é em torno de cinco dias mais rápido do que o
deslocamento da carga a partir de estados do Sudeste.
Licitação
A
11ª Rodada de Licitações inicia hoje e, caso não haja tempo de receber
as ofertas para todos os 289 blocos oferecidos, continuará amanhã. Esta é
a edição com o maior número de empresas habilitadas a participar: 64.
Cada empresa deverá apresentar
propostas contendo três itens: bônus de assinatura (o quanto ela pagará
pela concessão), com peso de 40% no cálculo para determinar a melhor
proposta, programa exploratório mínimo (um plano de trabalho descrevendo
ações), também com peso de 40%, e conteúdo local (percentual de
aquisição de bens e serviços nacionais), com peso de 20%. O prazo de
concessão oferecido pelo lote é de cinco a oito anos de exploração,
somados a 27 anos de produção. Entre os 11 lotes oferecidos na Bacia do
Ceará, o menor bônus de assinatura é de R$ 4,5 milhões, enquanto o maior
é de R$ 8,3 milhões.
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