quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Liberdade de expressão tem limites, diz juiz que mandou prender executivo do Google


Após mandar prender o principal executivo do Google no Brasil, o juiz da 35ª Zona Eleitoral de Campo Grande (MS), Flávio Saad Peron, afirmou que "liberdade [de expressão] tem limites".
"Eu sou totalmente favorável a ampla liberdade [de expressão], jamais tenho interesse em cercear. A liberdade é tão importante que é garantida na Constituição, mas ela tem limites, dentro da própria Constituição", afirmou o magistrado nesta quarta-feira (26).
Peron expediu mandado de prisão contra o diretor-geral do Google no Brasil, Fábio José Silva Coelho, detido nesta quarta pela Polícia Federal em São Paulo por suspeita de crime de desobediência de ordem judicial que determinava a exclusão do YouTube, site de vídeos do Google, de dois vídeos com ataques ao candidato a prefeito de Campo Grande pelo PP, Alcides Bernal.
Coelho chegou a ser levado à sede da PF na capital paulista, onde foi ouvido e seria liberado após assinatura de TCO (Termo Circunstanciado de Ocorrência), espécie de boletim de ocorrência para crimes de menor potencial ofensivo.
Para o magistrado, que nesta quarta-feira recuou e expediu mandado de soltura do executivo, o Google é responsável pelo material veiculado, embora a empresa alegue ser apenas a plataforma de publicação. "O Google não deve se servir a este tipo de papel, a prática do crime de cunho eleitoral. Repito: tem que ter liberdade, mas a medida que você abusa, deixa de ser exercício regular de expressão e passa a ser abuso, e abuso tem que ser combatido", disse.
A pedido da coligação do PP em Campo Grande, a Justiça também determinou a suspensão, por 24 horas, do Google e do YouTube em Mato Grosso do Sul, o que não havia ocorrido até a noite desta quarta-feira. Segundo o juiz, a Embratel, citada para efetuar a suspensão dos sites, informou que enfrentava dificuldades técnicas para o cumprimento da decisão.
O juiz afirmou que, caso seja constatada a manutenção dos vídeos no YouTube, ele poderá agir de ofício, ou seja, impor ao Google que o material seja retirado do ar, sem que seja necessário um recurso de Bernal.
Perón afirmou ainda que se os vídeos não forem excluídos ele poderá decretar nova prisão do executivo e dobrar o período de suspensão dos sites, conforme prevê a legislação eleitoral. "A medida é prevista em lei, eu não faço a lei, eu só a aplico."
Editoria de arte/Folhapress

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