terça-feira, 22 de maio de 2012


Marqueteiro do PT usa emoção para promover Chávez

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FLÁVIA MARREIRO
DE SÃO PAULO
CATIA SEABRA
ENVIADA A PORTO ALEGRE
FELIPE BÄCHTOLD
DE PORTO ALEGRE
Emocionados depoimentos, no estilo "chora, eleitor", são a aposta do marqueteiro do PT e de Dilma Rousseff, João Santana, para a campanha de "re-reeleição" de Hugo Chávez na Venezuela.
"Nunca imaginei que iria existir um presidente que ia me ajudar com meus filhos", diz uma senhora pobre, que agradece a um programa do governo para crianças deficientes num dos filmes produzidos pelo brasileiro. "A vida inteira eu vou agradecer ao presidente", completa ela.
A música instrumental entra num crescendo e, então, surge a voz de Chávez: "Este é um mundo que reclama tempos de gigantes, corações de gigantes, ideias de gigantes, amores de gigantes".
Não por acaso aparece apenas a voz de Chávez. O presidente, que combate um câncer cujos detalhes são obscuros, tem governado cada vez mais "em off", o jargão da TV para a voz de narrador.
O estratagema foi transposto para o material produzido por Santana, apresentado pelo marqueteiro na semana passada, em Porto Alegre, em reunião do PT.
"Esses filmes são interessantes porque a linha que estamos adotando na comunicação de Chávez é o 'cinema verdade'. São depoimentos", explicou Santana.
Foram apresentados quatro spots, todos com o mesmo formato. Um deles é sobre a versão local do programa Minha Casa, Minha Vida.
A apresentação arrancou palmas da plateia petista. "Pode chorar, hem, gente? Tem gente chorando", brincou André Vargas, secretário de Comunicação do PT.
"Política é teatro, mas não ficção", explicitara momentos antes Santana.
Além da campanha de Chávez, favorito nas eleições de outubro, ele fará a do PT para a Prefeitura de São Paulo. Anteontem, levou mais uma: ele fez a campanha de Danilo Medina, governista que venceu a eleição da República Dominicana.
A extensa e azeitada máquina de marketing de Chávez, há 13 anos no poder, já explora os "depoimentos agradecidos" usados pelo marqueteiro.
A contribuição de Santana parece ser o acabamento "de cinema" --com bonitas imagens externas, imensidões - já utilizado no Brasil.
O tom escolhido pelo marqueteiro brasileiro casa com a nova marca do governo venezuelano.
Chávez trocou, em maio, o selo que lembrava o bicentenário da independência venezuelana por um com voltagem muito menos ideológica. Toda a produção do governo vai agora com a marca "coração venezuelano".

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