No mesmo dia em que a oposição vai se reunir para fechar uma estratégia para garantir a instalação da CPI
(Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras, o Planalto reforçou
os apelos para que os líderes da base aliada na Câmara não apoiem a
investigação.
Segundo relatos, o tema foi puxado pelo líder do governo na Câmara,
Arlindo Chinaglia (PT-SP), pedindo para os parlamentares evitarem apoiar
medidas para a CPI da Petrobras "furar a fila" de pedidos de
investigação. São dez pedidos na frente do que trata da estatal. Os
líderes trataram ainda da CPI conjunta do Senado. A
conversa foi acompanhada pela ministra Ideli Salvatti (Relações
Institucionais) que desde a semana passada tem procurado líderes para
abafar a CPI.
Para o governo, a oposição tenta lucrar eleitoralmente com as denúncias envolvendo a compra da refinaria de Pasadena (EUA) que
atingem a presidente Dilma Rousseff. Questionada por jornalistas sobre o
apelo, a ministra negou que tenha tratado do tema no encontro e disse
que o governo está disponível para todos os esclarecimentos.
"Não tratei desse assunto. Esse assunto está sendo debatido com os
líderes. O governo tem todo interesse e se colocou a disposição para
prestar todos os esclarecimentos. As investigações estão sendo feitas
pelos órgãos de fiscalização e controle, como Ministério Público,
Polícia Federal, Tribunal de Contas da União", afirmou.
"O governo está totalmente à disposição para prestar esclarecimentos
necessários, tanto que já temos convites aprovados para o comparecimento
de várias autoridades a esse tema no Congresso", completou.
Líderes governistas afirmaram que boa parte se posicionou contra a CPI
justamente por se tratar de um ano eleitoral. Na Câmara, 14 deputados do PMDB estão
entre os 102 parlamentares que apoiam a criação da CPI mista (em
conjunto com o Senado). Como o PMDB da Câmara entrou em crise no governo
pelo pequeno espaço recebido na reforma ministerial, o Planalto teme
retaliações do seu principal aliado e de outras siglas insatisfeitas com
a relação de Dilma com o Congresso.
Há, inclusive, o receio que a polêmica sobre a Petrobras inviabilize
outras votações na Casa, como o Marco Civil da Internet, marcada para
hoje. No Senado, embora a base aliada seja mais alinhada com o Planalto,
também há o temor de adesões governistas à CPI.
Em ano eleitoral, a oposição quer levar a presidente
Dilma para o foco da CPI depois que ela admitiu ter dado aval para a
compra de Pasadena em 2006, quando presidia o Conselho de Administração
da Petrobras. Dilma alegou ter recebido um parecer "falho e com
informações incompletas" para autorizar o negócio.
Liderada pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG), a oposição se reúne hoje
para discutir a instalação da CPI. PSDB, DEM, PPS e Solidariedade vão
unificar o discurso e a estratégia para deslanchar a apuração.
São necessárias assinaturas de 171 deputados e 27
senadores para que a comissão seja criada nas duas Casas. A oposição
reúne apenas 17 senadores no Senado, mas tem a adesão certa de membros
do PMDB, PDT, PSB e PP que integram o grupo dos chamados
"independentes".
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