Do fortalecimento de economias já consolidadas, como o município de
Sobral e a região do Cariri, ao crescimento vertiginoso de áreas que na
última década registraram um salto na geração de emprego e renda, a
exemplo de São Gonçalo do Amarante e Eusébio, o quadro de
desenvolvimento registrado pelo Ceará nos últimos anos promete
prosseguir em 2013, impulsionado sobretudo pelo setor de serviços.
A
indústria calçadista, no Cariri, é um dos polos que o governo quer
fortalecer nos próximos anos, principalmente por conta da geração de
empregos Foto: Kid Júnior
Além da criação de novos postos de
trabalho e de um leque extenso de oportunidades para investidores, o
crescimento da economia do Estado - previsto para 4% em 2013 - traz
consigo o desafio de descentralizar a renda e garantir que a população
seja beneficiada da melhor forma pelas transformações que ocorrem em
todas as macrorregiões.
Região Metropolitana
Concentrando
64,99% do PIB cearense a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) reúne
seis dos dez municípios com as maiores economias. Nos últimos oito anos,
porém, a RMF perdeu participação no PIB do Estado, por conta do avanço
das regiões do Cariri/Centro Sul, Litoral Leste/Jaguaribe e Litoral
Oeste.
Uma das formas de tentar promover a descentralização da
economia, afirma o diretor de desenvolvimento setorial da Agência de
Desenvolvimento do Estado (Adece), Francisco Soares, é a ampliação de
subsídios a empresas instaladas longe da RMF.
Entre os pontos de
maior potencial de crescimento fora da RMF, Francisco Soares destaca o
polo metalmecânico e Sobral e a indústria de calçados no Cariri,
principalmente por conta da geração de empregos associada a essas
atividades.
Diversas outras cidades, indica a economista Eloísa
Bezerra, do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará
(Ipece), têm apresentado um potencial significativo de crescimento nos
últimos anos. No setor de serviços, informa, Uruburetama, Viçosa do
Ceará, Jijoca de Jericoacoara e Penaforte estão entre os destaques,
enquanto Pentecoste e Itaitinga também têm crescimento expressivo.
Autonomia
Para
o economista e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) Andrei
Simonassi, o desenvolvimento econômico representa a "única saída para
autonomia dos municípios". É a partir da geração de mais empregos e
renda, explica, que cidades que só se mantêm com a ajuda da
administração estadual podem adquirir capacidade de investimento e
promover a melhoria da qualidade de vida da população
Em muitos
municípios, ilustra, a prefeitura é o principal empregador dos
moradores. "E às vezes (pagando os salários) com um dinheiro que não é
arrecadado", frisa. Segundo ele, o Estado tem conseguido identificar bem
as áreas onde os investimentos se fazem mais necessários e podem
implicar mais mudanças para a população, sobretudo voltados para a
infraestrutura.
Entretanto, destaca, falta à administração
pública agilidade na execução de projetos. Por conta de entraves
burocráticos e obstáculos aos cronogramas, salienta, diversas obras do
Estado não causaram o efeito previsto quando foram idealizadas.
Cidades que deram salto no ranking de indicadores
São Gonçalo do Amarante avançou quase 4 mil posições no IFDM em apenas dez anos FOTO: VIVIANE PINHEIRO
Em
alguns municípios cearenses o tempo parece que não passou; e o
progresso, que não chegou. Contudo, há um outro exemplo como é o caso de
São Gonçalo do Amarante, que subiu quase 4 mil posições no indicador da
Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) chamado Índice
Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), que mede o nível de
desenvolvimento de todos os 5.565 municípios do País, sob a óptica do
emprego e renda, saúde e educação. A cidade localizada na Região
Metropolitana de Fortaleza deixou a 4.293ª posição no ranking para 300º
lugar. O mais impressionante é que esse avanço se deu em apenas uma
década (2000 a 2010).
No Ceará, São Gonçalo do Amarante era
apenas 118º município no ranking da Firjan. Contudo, dez anos depois
pulou para segundo lugar superando, inclusive, a Capital cearense (4ª
posição). Eusébio, também da RMF, ficou com a primeira posição no
Estado.
Inversão entre as regiões
Com
base no ano de 2010, das dez principais cidades que se destacaram com
melhores IFDM, oito compõem a chamada Grande Fortaleza (Eusébio, São
Gonçalo do Amarante, Maracanaú, Fortaleza, Horizonte, Russas, Barbalha e
Caucaia). Juazeiro do Norte e Sobral são as únicas exceções do
Interior.
Uma década antes, entretanto, a composição era bem
diferente. Somente quatro municípios pertenciam à RMF. Os seis restantes
que formavam a maioria com mais expressivos IFDM em 2000 eram Paracuru,
Sobral, Juazeiro do Norte, Ibiapina, Santana do Acaraú e Russas.
Os
dados da Firjan corroboram para uma tendência inversa ao que ocorria há
dez anos, quando o Interior apresentava melhores indicadores que as
cidades da Região Metropolitana de Fortaleza, que, por sua vez, vem
ganhando destaque no cenário local e também nacional.
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