As verbas do convênio entre a Casa Civil do governo do Estado e
prefeituras para o Carnaval do Interior foram suspensas devido aos
custos e gastos com a seca. No entanto, a estiagem que castiga o
Interior do Ceará não intimidou os municípios com relação à realização
das tradicionais festas. Os altos valores se contrapõem à situação
calamitosa das cidades, a maioria em estado de emergência, decretado no
fim de 2012, algumas com problemas no abastecimento de água.
Em
novembro de 2012, 174 municípios cearenses entraram em estado de
emergência por causa da forte estiagem Foto: Waleska Santiago
A
Prefeitura de Choró (180 Km da Capital), por exemplo, vai gastar R$
104,03 mil com a festa de Carnaval deste ano. O município está entre os
174 que entraram em estado de emergência, por 90 dias, desde novembro de
2012.
A licitação do evento "Folia nas Águas" mostra que a
Secretaria de Turismo, Cultura, Esporte e Juventude contratou uma
empresa de Quixadá para realizar a festa e somente o camarote do evento
custará R$ 9 mil aos cofres públicos.
Quase R$ 50 mil serão
gastos na contratação de grupos musicais que realizarão show artístico
com duração mínima de três horas. A locação do palco foi registrada no
valor de R$ 19,9 mil e, somente na diária dos banheiros químicos para os
quatro dias de festa, serão desembolsados R$ 6 mil. O gerador,
acompanhado de uma equipe técnica, foi alugado por R$ 7,9 mil, entre os
dias 9 e 12. No total, são 12 itens que somam mais de R$ 100 mil na
licitação assinada no último dia 29 de janeiro.
Já o município de
Quixadá (a 167 Km da Capital) vai gastar R$ 256,8 mil no Carnaval de
2013. A licitação cobre os serviços de infraestrutura e contratação de
grupos musicais e é de responsabilidade da Secretaria de Desenvolvimento
Econômico e Turismo. Somente o cachê das bandas de forró e axé custará
R$ 141 mil aos cofres públicos.
O município de Crateús (a 360 Km
da Capital), que está prestes a sofrer um colapso de água, possui uma
licitação aberta, do tipo menor preço, no valor de R$243,5 mil também
referente ao Carnaval. As atrações musicais devem custar R$ 117,1 mil e a
estrutura com palco, som e iluminação, R$ 125,8 mil.
O
Ministério Público vai realizar, amanhã, uma audiência pública para
discutir a questão do abastecimento de água em Crateús. O açude que
abastece a cidade está com apenas 9,5% da capacidade, o que aumenta a
chance de falta d´água.
Apoio
A
Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult) divulgou um edital no
valor de R$ 974 mil para o Carnaval do Ceará 2013. Os recursos são do
Fundo Estadual de Cultura, que apoia financeiramente a execução de
projetos de arte e cultura nas manifestações carnavalescas cearenses.
Choró
está entre os 20 municípios contemplados pela seleção, que teve mais de
100 cidades inscritas. A Secult vai investir R$ 20 mil no evento, mas a
Prefeitura de Choró vai arcar com cerca de R$ 80 mil.
O
secretário de Turismo e Cultura de Choró, Júlio César, explicou que o
Carnaval vai gerar cerca de 300 empregos diretos e 40 mil visitantes
durante os quatro dias. "Essas pessoas deixam dinheiro nos comércios e
boa parte desse recurso é arrecadado nos impostos e volta como melhorias
para o povo", explica.
Questionado se o abastecimento de água
seria suficiente para os 40 mil visitantes, o secretario afirmou que as
pessoas não ficam hospedadas no município, apenas "passam".
Para a
Prefeitura de Choró, o abastecimento de água é suficiente para os seus
13 mil habitantes. O município também utiliza uma retroescavadeira para
cavar cacimbas e há projetos do governo, como o Garantia Safra, de
suporte aos agricultores. Sobre a qualidade da água, a Prefeitura
garantiu que a água passou por testes e foi aprovada.
A
Prefeitura de Crateús diz conhecer os problemas da seca. Mesmo assim,
promete um dos melhores carnavais da região. A administração justifica
que a festa é uma forma de amenizar a tristeza. "Como já havíamos
programado, não vamos cancelar", enfatiza Sílvio Verta, coordenador do
"Carna-folia".
A assessoria da Prefeitura de Quixadá disse que,
por ser uma cidade universitária e com um imenso potencial turístico, o
município não poderia deixar de realizar o evento. A assessoria
acrescentou que todos os gastos são financiados com recursos próprios e
com o apoio de parceiros.
Convênios
Segundo
o governador Cid Gomes, os convênios entre a Casa Civil e as
prefeituras foram suspensos devido aos gastos com a seca. A medida
atingiu 96 municípios que receberiam entre R$ 30 mil e R$ 531 mil.
Em
Aracati, a Prefeitura garante que vai realizar a festa mesmo sem apoio.
"Algum planejamento pode ser cortado, mas a festa está mantida",
esclareceu Magela Júnior, secretário de Cultura de Aracati. Em 2012, o
Estado destinou R$ 2,6 milhões para as prefeituras para o Carnaval. Com informações do Diário do Nordeste Online
Repasse
12,6
milhões de reais foi o valor solicitado ao governo do Estado pelas 96
prefeituras que seriam beneficiadas pelo convênio com a Casa Civil
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