Rachado e em meio a acalorados embates internos, o PT de Pernambuco decidiu neste domingo (20) entregar imediatamente os cargos que o partido mantém no governo do Estado e nas Prefeituras do Recife e de Paulista, na região metropolitana da capital.
O anúncio acontece pouco mais de um mês após o governador e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos (PE), desembarcar do governo da presidente Dilma Rousseff, sua provável adversária nas eleições do ano que vem.
A direção estadual do PT não soube precisar o número de cargos que tem, mas hoje comanda a Secretaria Estadual de Cultura, a Secretaria-executiva de Agricultura do Estado e a Secretaria de Habitação do Recife.
O secretário estadual de Transportes, Isaltino Nascimento, deixou o PT neste mês para filiar-se ao PSB.
O presidente estadual do partido, deputado federal Pedro Eugênio, disse que solicitará nesta segunda-feira (21) uma audiência com o Campos.
"Os cargos devem ser entregues imediatamente", afirmou.
Os petistas que se recusarem a deixar seus cargos poderão ser expulsos do partido, segundo a direção estadual do PT.
Pedro Eugênio disse que a saída do governo ainda não significa rompimento com o PSB e defendeu que o partido mantenha posição "crítica e de independência" na Assembleia Legislativa e nas Câmaras Municipais.
"O PSB, até aqui, não declarou uma oposição sistemática ao governo federal. Aqui não estamos declarando oposição sistemática ao governo estadual", disse o presidente.
A situação de outros municípios pernambucanos em que o PT integra administrações socialistas será analisada individualmente.
CONFUSÃO
Com 18 tendências, o PT pernambucano dividiu-se em dois grupos. Um deles reúne cinco tendências mais fortes, que já defendiam o rompimento com o PSB do governador Eduardo Campos e do prefeito do Recife, Geraldo Júlio.
Esse grupo, do senador Humberto Costa e dos deputados federais João Paulo e Pedro Eugênio, já havia anunciado a entrega dos cargos na semana passada.
Havia, contudo, outro grupo, formado por 13 tendências menores, que relutava em entregar os postos, mas resolveu fazê-lo neste domingo.
O ex-prefeito do Recife João da Costa, a deputada estadual Teresa Leitão e o presidente do PT Recife, Oscar Barreto, integram esse grupo, que domina cerca de 35% do diretório estadual da sigla.
"Não dá mais para a gente estar remoendo essa questão de cargos. É um bode que está na sala e que já está fedendo. Vamos entregar esses cargos e cuidar da vida", afirmou Teresa Leitão.
As outras cinco tendências mais fortes, que dominam cerca de 65% do diretório estadual, aprovaram sozinhas a decisão oficial do partido de deixar o governo.
O grupo de Teresa Leitão deixou a reunião alegando falta de diálogo no partido, o que foi negado pelo outro grupo.
Os conflitos internos do PT-PE são antigos, mas se agravaram no ano passado, após a direção nacional do partido impedir a tentativa de reeleição de João da Costa no Recife.
Houve intervenção, e Humberto Costa foi o candidato petista, ficando em terceiro lugar, encerrando hegemonia de 12 anos do partido na cidade.
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