segunda-feira, 17 de junho de 2013

ESPECIALISTAS APONTAM 17 AÇÕES PARA CONTER A VIOLÊNCIA EM FORTALEZA

Em tempos de “Fortaleza Apavorada” e reconhecimento do Governo quanto ao descontrole de “alguns” crimes, é crescente a pressão popular pela adoção de medidas para conter a onda de violência no Ceará. O clamor é por algo que, a curto, médio e longo prazo, contenha e reduza índices como o de 11 assassinatos registrados por dia no Estado nos quatro primeiros meses deste ano. Em 2012 inteiro, foram 3.565 ocorrências.

A equação da política de segurança é complexa, mas há saídas. O POVO ouviu dois estudantes e seis especialistas do Judiciário, sociedade civil organizada, universidade e poder público, que apontaram ações para se tentar conter a onda de violência no Estado. Para eles, é preciso determinação política e planejamento/ execução/ acompanhamento de ações consorciadas em várias secretarias, especialmente no tocante à educação, saúde, esporte, cultura e lazer.

Porque segurança não se resolve apenas com operações policiais de repressão. Mas, na atual conjuntura, é justo a polícia quem precisa de socorro urgente para efeitos - mesmo que pequenos - de paz serem sentidos logo.

Há população demais - e crimes demais - para contingente de menos da Polícia Civil. Com o papel de investigar as ocorrências, a corporação tem feito pouco por ter a menor tropa do Brasil (em relação ao número de habitantes): 2.200 homens. E ainda sofrer com a falta de coletes, viaturas e munição, segundo O POVO apurou. “Há uma enorme quantidade de homicídios, latrocínios e roubos sem autoria identificada. Isso significa o quê? Falta de investigação. Sem pessoal, como a Civil vai investigar?”, questiona o juiz da 5ª Vara da Infância e Adolescência de Fortaleza, Manuel Clístenes.

Outras sugestões

A médio/longo prazo, outras 16 sugestões são dadas pelos especialistas e estudantes. Algumas são pertinentes exclusivamente à Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). Ações como o mapeamento das rotas do tráfico de drogas e armas, o traçado do perfil das vítimas de homicídio, a desmilitarização policial, a feitura de campanhas de desarmamento e a confecção de um plano de segurança com parceiros, metas e prazos definidos e divulgados publicamente.

De tudo, apenas as campanhas de desarmamento existem. Ainda assim, de forma tímida - com o Ceará na 19ª posição nacional em recolhimentos. “Temos quase 250 mil armas circulando no Ceará e o controle disso não é bem feito. Para reduzir a violência, principalmente a armada, você tem que compartilhar as políticas de segurança. No Ceará, nos últimos anos, a participação da sociedade nas esferas de decisão, elaboração, planejamento, execução e avaliação deixou de existir”, reclama o integrante do Conselho Nacional de Segurança Pública (Conasp), Duda Quadros.

O POVO procurou a SSPDS, em três momentos, em busca de um posicionamento do secretário Francisco Bezerra sobre o tema desta reportagem. A assessoria do coronel solicitou que perguntas fossem enviadas por e-mail. 

O POVO atendeu ao pedido, mas não obteve resposta até o fechamento da matéria, na última sexta-feira, 14. A assessoria teve cinco dias para se manifestar e sabia do prazo limite para o envio das respostas.

ENTENDA A NOTÍCIA

Diante da onda de violência no Ceará, O POVO consultou seis especialistas de quatro áreas sobre ações que podem ajudar a refrear tanta insegurança. Saída é ser multidisciplinar e envolver sociedade civil organizada e população.

Saiba mais

O Fortaleza Apavorada é um movimento da sociedade civil iniciado em redes sociais. Na última quinta-feira, 13, a mobilização reuniu milhares de pessoas, que tomaram as ruas da cidade em protesto ao descontrole da violência.
 
Por conta do Fortaleza Apavorada, o Governo lançou nota no último dia 10 em que diz ter sido o que mais investiu em segurança e ter “a consciência e a humildade de reconhecer que alguns crimes cresceram de forma intolerável, reproduzindo entre nós tendência que está ocorrendo em todas as grandes cidades brasileiras, na esteira do tráfico de drogas. São eles o assalto à mão armada nas regiões de melhor renda e os homicídios nos bairros mais pobres.”

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